É Mito que a Gordura Saturada é Prejudicial?

O mito de que a gordura saturada é prejudicial está ruindo à medida que novos livros e estudos sobre o assunto são publicados.

Novas pesquisas levantam dúvidas sobre a crença antiga e falsa de que doenças cardiovasculares estão relacionadas à ingestão de gordura e colesterol.

As gorduras saturadas têm sido um alimento saudável na dieta humana por milhares de anos. Porém na década de 60, as gorduras de origem animal passaram a ser demonizadas pela medicina, o que  levou a um consumo excessivo de carboidratos refinados, o que provocou ao longo dos anos, mais obesidade, mais diabetes, inflamações crônicas silenciosas e doenças cardiovasculares.

gordura saturada faz mal

O Mito do Colesterol Está Caindo

O mito do colesterol vem sendo questionado por um número cada vez maior de estudos científicos de boa qualidade, que tornam cada vez mais difícil manter o colesterol na categoria de vilão. Abaixo temos 3 estudos que foram e feitos entre 2012 e 2014, que nos levam a questionar o verdadeiro papel do colesterol nas doenças cardiovasculares.

  • Pesquisadores na Universidade de Ciências e Tecnologia da Noruega, em um estudo de 2012 avaliaram a saúde, os hábitos e estilo de vida de mais de 52.000 adultos com idades entre 20 e 74 anos. Concluíram  que mulheres com “colesterol alto” (maior que 270 mg/dl) tinham um risco de mortalidade 28% por cento menor que as mulheres com “colesterol baixo” (menor que 183 mg/dl).Também descobriram que o risco de doenças cardíacas, morte súbita, e de acidente vascular encefálico AVC) são maiores quando os níveis de colesterol são mais baixos.
  • Em 2013 o cardiologista inglês dr Aseem Malhotra , escreveu no British Medical Journal que os conselhos para redução da ingestão de gordura saturada deveriam ser questionados, pois isso de fato aumentaria o seu risco de obesidade e doenças cardíacas.
  • Uma meta-análise de 2014, publicada no Annals of Internal Medicine, com dados de quase 80 estudos, e mais de meio milhão de pessoas, descobriu que as pessoas que consomem quantidades maiores de gordura saturada não apresentam mais doenças cardíacas do que as pessoas que consomem menos.

A Culpa Sempre Foi do Açúcar e Não das Gorduras

Há mais de 50 anos, a gordura foi identificada erroneamente como a culpada pelas doenças cardiovasculares, sendo que o verdadeiro culpado sempre havia sido o açúcar.

Isso foi reconhecido antes da sua morte, por Ancel Benjamin Keys, que foi o fisiologista americano que criou a teoria que associou o consumo de gorduras e doenças cardiovasculares.

Uma dieta rica em carboidratos refinados aumenta o risco de doença cardíaca, pois causa a síndrome metabólica.

Pessoas que desenvolvem a  síndrome metabólica,  apresentam obesidade (principalmente com aumento de gordura abdominal), hipertensão e elevação do colesterol, triglicérides, insulina, e da glicemia. Também frequentemente apresentam esteatose hepática.

Resistência à Insulina e Leptina

A resistência à insulina e à leptina é causada por fatores ligados ao nosso estilo de vida, dietas ricas em carboidratos processados, açúcar, frutose e farinhas refinadas.

Para piorar a situação, a falta de exercícios, o stress crônico, a falta de sono de boa qualidade, a exposição a toxinas ambientais e a disbiose intestinal podem agravar este quadro.

O Colesterol é Essencial Para Nosso Corpo

Cerca de 800.000 pessoas morrem anualmente nos USA, devido a doenças cardiovasculares. No Brasil acredita-se que o panorama seja muito parecido em termos de prevalência na população.

Um quarto dessas mortes poderiam ser prevenidas através de mudanças simples no estilo de vida tais como, mudança de hábitos alimentares, exercícios físicos, manter um peso saudável e otimizar os níveis de insulina e leptina.

Ao reduzir o colesterol, podemos de fato estar aumentando o risco de doenças cardiovasculares. Nosso corpo precisa de níveis adequados de colesterol para realizar uma série de funções, e há fortes evidências de que as pessoas possam ter seu risco de doenças cardíacas aumentado, quando o colesterol cai a níveis muito baixos, como pode acontecer com o uso indiscriminado de estatinas.

O colesterol tem funções importantes como a construção das membranas celulares, produção de vitamina D e hormônios esteroidais, melhora do sistema imune e da saúde intestinal.

Ter muito pouco colesterol pode ter um impacto negativo na saúde cerebral, nos níveis hormonais, no risco de doenças cardíacas e doenças neurodegenerativas com Alzheimer por exemplo.

A Verdade Sobre as Gorduras Saturadas

Nosso corpo precisa de gorduras saturadas para funcionar de maneira adequada. Uma maneira de entender isso é considerar quais alimentos os humanos consumiram durante sua evolução.

Muitos especialistas acreditam que desde o período Paleolítico, nós evoluímos como caçadores-coletores, comendo muita gordura saturada.

Sugerir que as gorduras saturadas, de uma hora para outra, passaram a ser nocivas para nós não faz sentido, especialmente a partir de uma perspectiva evolutiva.

O Departamento de Agricultura dos USA, desde 2010, recomenda a redução da ingestão de gordura saturada para 10 % ou menos do consumo total de calorias.

Isso é preocupante, pois é praticamente o oposto do que a maioria das pessoas precisa para uma saúde ideal.

Pesquisas científicas recentes sugerem que as gorduras saudáveis (gorduras saturadas e insaturadas provenientes de alimentos integrais, e fontes animais e vegetais) devem abranger entre 50 e 85% da sua ingestão total de energia.

Gorduras saturadas oferecem diversos benefícios importantes para a saúde, incluindo os seguintes:

  • Fornecer os blocos básicos para a construção das membranas celulares, hormônios esteroidais, e substâncias com características de hormônios
  • Transporte das vitaminas lipossolúveis A, D, E e K
  • Serve como o combustível ideal para o seu cérebro e coração
  • Absorção de cálcio
  • Produz saciedade

Os Melhores Exames para Avaliar o Risco Cardíaco

A seguir, estão os melhores indicadores para o risco de doenças cardiovasculares.

Estes marcadores bioquímicos também são muito úteis para prever o risco de demência, visto que ainda não dispomos de marcadores específicos para este quadro.

  • Proporção de HDL/Colesterol Total: o nível de HDL é um fator de risco muito importante nas doenças cardíacas. Basta dividir o seu nível de HDL pelo seu total de colesterol. Esse valor deve estar idealmente acima de 24.

Se estiver abaixo de 10%, esse é um indicador significativo de risco de doença cardíaca.

  • Proporção de Triglicerídeos/HDL: divida seu valor de triglicerídeos pelo seu HDL. Essa proporção deve estar idealmente abaixo de 2.
  • Subfracionamento de Lipoproteínas: este é o teste mais importante para a avaliação de riscos de doenças cardíacas, pois ele determina sua proporção de partículas menores e mais nocivas de LDL.

Hoje sabemos que existem 11 subtipos de LDL colesterol, e que os 2 subtipos menores e mais pesados, é que são os verdadeiros responsáveis pelas doenças ligadas ao excesso de colesterol.

As partículas pequenas e densas de LDL ficam presas facilmente no endotélio vascular, causando mais inflamação, e levando à formação da placa ateromatosa.

  • Insulina de jejum: os níveis ideais de insulina no sangue para pessoas em situa-se entre 3 e 5 microU/mL.

Se o nível de insulina estiver acima de 5 microU/mL , a maneira mais eficiente de otimizar esse valor é reduzir, é através de uma alimentação de baixo índice glicêmico, o que pode ser feito adotando uma dieta Low carb ou Cetogênica.

  • Glicemia de jejum: os níveis ótimos da glicemia de jejum ficam entre 75- 90 mg/dL.

Pessoas com glicose sanguínea em jejum de 100-125 mg/dl têm quase três vezes mais risco de desenvolver doenças das artérias coronárias comparado com pessoas onde a glucose no sangue fica abaixo de 79 mg/dL.

  • Proporção da Cintura para o Quadril: gordura visceral, o tipo de gordura que acumula entre os seus órgãos internos, é um fator de risco bem conhecido para as doenças cardíacas.

A forma mais fácil de avaliar o seu risco aqui, é simplesmente medir a proporção entre sua cintura e seu quadril.

Esta medida deve ficar abaixo de 80 cm para mulheres e 94 cm para homens.

  • Nível de ferritina: o excesso de ferro no corpo pode causar um estresse oxidativo muito intenso, que pode lesar o endotélio dos vasos sanguíneos e aumentar seus riscos de doença cardíaca.

O ideal é medir o nível de ferritina no sangue e que os valores fiquem entre 50 e 150 ng/mL e 100 e 250 ng/mL para homens.

Uma Dieta Saudável Para o Coração

Abaixo segue algumas dicas para uma alimentação para o coração”, que minimiza inflamações, reduz a resistência à insulina, e te ajuda a reduzir seu risco de doenças cardiovasculares.

  • Eliminar todos os alimentos processados e/ou industrializados, se não for possível reduzir ao máximo seu consumo
  • Reduzir todos os alimentos contendo glúten, ou altamente alergênicos, para isso procure uma nutricionista
  • Consuma alimentos orgânicos sempre que possível para evitar agrotóxicos, fungicidas, herbicidas ou pesticidas como o glifosato
  • Evite alimentos geneticamente modificados (OGM), que causam o caos biológico em nível celular e são associados com grande número de problemas de saúde, incluindo inflamações crônicas silenciosas e doenças do coração
  • Procure consumir boa parte de seus alimentos sem cozimento (crus). Evite cozinhar seus alimentos em temperaturas muito altas
  • Aumente a quantidade de vegetais frescos e frutas em sua dieta, se possível de maneira orgânica e de acordo com cada época do ano
  • Consuma alimentos fermentados naturalmente, como kefir, chucrute, kombuchá, natto e tempeh. Eles ajudam a otimizar bactérias intestinais, e também lhe fornecem vitamina K2, vitaminas do complexo B
  • Evite todos os adoçantes artificiais.
  • Limite o consumo de frutose a menos de 25 gramas por dia de todas as fontes, incluindo frutas inteiras. Se você tem resistência à insulina, diabetes, hipertensão, ou alguma doença cardíaca, é aconselhável manter o seu consumo de frutose abaixo de 15 gramas por dia até que a sua resistência à insulina se normalize
  • Troque todas as gorduras trans (óleos vegetais, margarina, etc.) por gorduras saudáveis como abacate, manteiga natural, queijos, e óleo de coco
  • Para reequilibrar a sua proporção de ômega-3 e ômega-6, tome um suplemento de alta qualidade de ômega-3 de origem animal, tal como o óleo de Krill, e reduza o seu consumo de óleos ômega-6 processados encontrados em óleos vegetais
  • Beba muita água pura todos os dias. Em média devemos tomar 35 mL/kg de peso, por exemplo, uma pessoa com 70 kg, deve tomar 2,1 L por dia. Importante procure distribuir este volume ao longo do dia, em pequenas tomadas

Hábitos Saudáveis Para o Coração

Outras estratégias que podem ser muito úteis para reduzir a inflamação crônica, e portanto reduzir o seu risco cardiovascular:

  • Fazer exercícios regularmente: um dos benefícios primários dos exercícios é que eles ajudam a normalizar e manter níveis saudáveis de colesterol, glicose, insulina e leptina. Exercícios também aumentam os níveis de HDL, aumentam a sua produção de hormônios de crescimento, ajudam a controlar o apetite, e melhoram seu humor e seu sono.
  • : o jejum é uma forma excelente de otimizar o metabolismo, que estimula o corpo a utilizar a gordura como seu combustível principal, e ajuda a emagrecer com saúde.
  • Evite produtos químicos sempre que possível: o BPA por exemplo, foi associado à doenças cardíacas; adultos com os níveis mais altos de BPA detectados na urina tiveram mais que o dobro de chances de desenvolver doença arterial coronariana do que as pessoas com os níveis mais baixos.
  • Evitar medicamentos com Estatinas: a estatina pode reduzir o seu colesterol a níveis perigosamente baixos, ao mesmo tempo que não faz nada para modular o tamanho das partículas de LDL.

Fármacos à base de estatinas podem até acelerar o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Um estudo de 2012, demonstrou que o uso de estatinas está associado com uma prevalência 52% maior de placas coronárias calcificadas em comparação com pessoas que não a utilizam.

E a calcificação arterial coronariana é a marca registrada de doenças cardíacas potencialmente letais. Antidepressivos também foram associados às doenças do coração.

**Nota: Não recomendo que se deixe de usar as estatinas. Embora não concorde com o generalizado desta classe de fármacos, sei que em uma parte dos pacientes com níveis elevados de colesterol, este tipo de medicação tem sim, que ser usado.

**Apenas a especialidade de Homeopatia é atendida através da Unimed, nas demais áreas, os atendimentos são apenas particulares.

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Dr. Fabio Pisani


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