A medida que a nossa compreensão sobre a depressão aumenta, percebemos que suas causas vão muito além dos fatores meramente emocionais.
Sabemos que ao nível bioquímico, os diferentes tipos de depressão estão associados ao desequilíbrio na produção de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina no cérebro.
Mas os estudos nos mostram que, cerca de 80% da nossa serotonina é produzida no intestino, a partir do triptofano, um aminoácido, apenas 20% da serotonina é produzida no sistema nervoso central.
Isso significa que nossa saúde emocional depende muito da nossa saúde intestinal, da nossa microbiota intestinal, mais especificamente.
Mais recentemente descobriu-se que a inflamação crônica silenciosa, tem um papel importante, não só na depressão, mas praticamente em todas as doenças neuropsiquiátricas.
Nós temos dois tipos de inflamação no nosso corpo, a aguda e a crônica.
A aguda é essencial, pois é ela que nos cura das infecções e promove os reparos necessários quando sofremos algum tipo de lesão.
Ela costuma apresentar sintomas dor, inchaço, calor e vermelhidão. Geralmente dura alguns dias e termina.
Porém, pode em alguns casos cronificar, quando nosso corpo não consegue concluir o processo de reparo de alguma estrutura orgânica.
Com base nestas informações, pesquisadores mostram que a dosagem de marcadores biológicos, como as citocinas inflamatórios, como PCR (proteína C reativa), e as IL-1 e IL-6 (interleucinas), podem ser usadas para o diagnóstico de depressão, pois quanto mais elevados estiverem, maiores as possibilidades de ocorrer uma depressão.
De uma forma simplificada, a inflamação crônica silenciosa inicia-se no intestino, onde a provoca a liberação de marcadores inflamatórios (PCR, IL-1, IL-6), que através do nervo vago, sinalizam para micróglia (sistema imune do cérebro), a presença de inflamação, e a resposta será a inflamação crônica silenciosa no cérebro.
Esta inflamação crônica silenciosa no cérebro, além de dificultar a produção e a ação de vários neurotransmissores e a comunicação entre os neurônios, está envolvida em praticamente todas as doenças neurodegenerativas como Parkinson, Alzheimer, além da depressão.
Estudos envolvendo o eixo cérebro-intestino, mostram o papel da microbiota intestinal e da permeabilidade intestinal no desenvolvimento das depressões.
A inflamação crônica assintomática, causa muitos problemas além da depressão, como inflamações gastrointestinais, doenças autoimunes, doença cardíaca, diabetes tipo 2 e câncer por exemplo.
Além da inflamação crônica silenciosa, e da disbiose (disfunção da microbiota intestinal), baixos níveis de vitamina D e vitaminas do complexo B, estão associados a depressão.
Embriologicamente, intestino e cérebro tem a mesma origem. Isso explica a importância do eixo cérebro-intestinal, para o nosso equilíbrio emocional e comportamental.
Literalmente podemos dizer que o intestino é o nosso segundo cérebro!
Por consequência, tudo que afetar nossa flora intestinal como agrotóxicos, pesticidas, antibióticos, anti-inflamatórios, anticoncepcionais, adoçantes artificiais, MSG (glutamato monossódico), por exemplo têm potencial para afetar o funcionamento do nosso sistema nervoso.
Por tudo que foi visto até aqui, podemos deduzir que a alimentação tem um importante papel no tratamento e prevenção da depressão.
Consumo excessivo de carboidratos, que é muito comum em pessoas deprimidas, pois aumentam a produção de serotonina, aumentam também a inflamação crônica silenciosa, que como já vimos é um dos fatores predisponentes da depressão.
Carboidratos em excesso também podem causar aumento da produção de glutamato no cérebro, causando agitação, explosões de raiva, ansiedade, pânico, irritabilidade, além da depressão é claro.
O açúcar em excesso suprime a atividade de um hormônio chamado BDNF (fator neurotrófico cerebral) que promove a saúde dos nossos neurônios.
Baixos níveis de vitamina D, aumentam significativamente as chances de desenvolver depressão. O ideal é mantermos níveis de vitamina D entre 50 e 70 ng/mL.
O ideal seria manter estes níveis apenas com a alimentação e exposição ao sol, mas poucos conseguem, então a saída é a suplementação da vitamina D.
Além disso, a suplementação da vitamina D ajuda a recuperar mais rapidamente os quadros de depressão.
Outra recomendação importantíssima nas depressões é o exercício físico, que além de estimular a produção de endorfinas, ajuda também a reduzir os níveis de insulina.
Também ajudam a reduzir os níveis de quinurenina, um metabólito do metabolismo do triptofano, que quando elevados, podem precipitar sintomas depressivos.
Para o tratamento e prevenção da depressão já vimos que é muito importante manter uma microbiota intestinal saudável.
Podemos conseguir isso com uma alimentação de boa qualidade e evitando e eliminando possíveis agressores da nossa flora intestinal.
Além do tratamento convencional, feito com antidepressivos, existem vários tratamentos que podem ser usados em conjunto ou até no lugar dos tratamentos convencionais, dependendo da intensidade do quadro depressivo.
Existem alguns fitoterápicos como o Hypericum perforatum e a Griffonia simplicifolia, que costumam apresentar bons resultados nas depressões leves e moderadas.
A suplementação com magnésio, triptofano, vitamina B 6, e vários outros nutrientes, podem ajudar a aumentar a produção de serotonina.
Fitoterápicos como a Cúrcuma longa, que possui ação anti-inflamatórias, pode ajudar tratando a inflamação crônica silenciosa, que está na base das depressões.
Embora estes suplementos sejam de venda livre no Brasil, recomendo que se consulte um profissional de saúde, para a correta prescrição dos mesmos.
A acupuntura, também costuma produzir bons resultados, porém são necessárias algumas semanas até que a melhora comece a aparecer.
Assim como existem o pré-diabetes, o hipotireoidismo subclínico, também existe a depressão subclínica.
Estes quadros recebem essas denominações, porque são fases de evolução dessas patologias, nem sempre diagnósticas por nós médicos, que antecedem o aparecimento do quadro clínico e laboratorial completo.
Os sintomas da depressão subclínica podem incluir:
Quando conseguimos diagnosticar a depressão subclínica, temos maior possibilidade de trata-la e impedir sua evolução.
Sabemos que nem todas as pessoas deprimidas têm tendências suicidas, porém, as que a apresentam, costumam apresentar alguns dos sinais abaixo, antes da tentativa em propriamente dita:
Quem convive com pessoas deprimidas, deve ficar atento a estes sinais. É claro que a presença de um ou outro sinal, não é motivo de alerta, mas quando estes sinais aumentam, tanto em número como na intensidade, deve-se procurar ajuda de um profissional da saúde.
**Apenas a especialidade de Homeopatia é atendida através da Unimed, nas demais áreas, os atendimentos são apenas particulares.
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