Trigo e Glúten têm sido tratados como vilões da nossa alimentação. De tempos em tempos, surgem alguns vilões alimentares, alguns são velhos conhecidos, como o colesterol, que hoje sabemos, não é vilão e sim mocinho, na maior parte do tempo, outros entraram mais recentemente para lista, com é o caso do trigo.
Esta preocupação com o trigo tem aumento por conta do maior acesso que as pessoas têm tido às informações, principalmente internet, a respeito da intolerância ao glúten e doença celíaca.
É inquestionável também que estamos consumindo trigo numa escala nunca experimentada pela espécie humana, é cada vez mais difícil encontrar algo para comer que não tenha trigo, penso que talvez nossos organismos não estejam conseguindo lidar com tanto trigo.
O trigo é composto por proteínas, carboidratos e fibras em proporções que diferem de uma variedade para outra da planta.
O glúten é a proteína do trigo, a principal proteína, pois existem cerca de mil outras, só que em pequena quantidade. Na verdade, o glúten abrange duas famílias de proteínas, as gliadinas e as gluteninas.
Quando falamos em doença celíaca ou na intolerância ao glúten, as gliadinas são as responsáveis pelas reações imunológicas e inflamatórias presentes nestes casos.
Além do trigo o glúten também está presente na cevada, no centeio, na espelta, no triticale e em quantidade bem menor na aveia.
O glúten é mais comumente encontrado no trigo, centeio e cevada, mas também pode ser encontrado em inúmeros alimentos processados sem ser identificado como tal.
O glúten pode estar disfarçado sob as seguintes denominações nos rótulos dos produtos alimentícios, fique atento:
O glúten é a substância de da liga e textura nas massas feitas com trigo. Quem é mais antigo, como eu, deve se lembrar que as varetas das nossas pipas eram coladas com uma mistura que fazíamos de trigo e água.
É importante notar, que o glúten não existe em naturalmente, ele é uma proteína composta de moléculas de glutenina e gliadina, que quando agitadas, na presença da água formam uma cola elástica.
É justamente esta característica de cola, que é responsável pelos efeitos lesivos do glúten.
O glúten “gruda” na mucosa intestinal, dificultando a digestão e absorção dos nutrientes dos alimentos que foram ingeridos juntos com o trigo.
Com o uso continuado do trigo, pode causar inflamação clínica silenciosa na mucosa do intestino delgado, que por sua vez irá perdendo a capacidade de absorção seletiva, que irá causar um quadro de má absorção e deficiência de vários nutrientes, podendo causar anemia e osteoporose por exemplo.
A presença de glúten não digerido na mucosa intestinal fará com que o nosso sistema imune ataque essa mesma mucosa, produzindo sintomas como diarreia ou constipação, náuseas e dor abdominal.
Com o uso continuado e diário do trigo, a mucosa intestinal vai ficando cada vez mais comprometida, e problemas passam a mais sistêmicos como: problemas neurológicos ou psicológicos, problemas dermatológicos, hepáticos e articulares.
A doença celíaca é o quadro mais grave associado ao uso do trigo. Embora a doença celíaca seja associada ao intestino, na verdade ela ocorre em praticamente em todo o corpo.
Como a primeira vez em que ela foi diagnosticada, foi através de biopsia intestinal, ficou conhecida assim, mas é uma doença sistêmica ligada ao sistema imune. Embora ainda seja uma doença sub diagnosticada, ela não é frequente.
O que ocorre com muito mais frequência, é a intolerância ao glúten.
Estudos mostram que o glúten pode ser visto pelo nosso sistema imune, como um invasor, ao qual ele tem que responder. Isso não significa que todos devemos deixar de comer trigo, pois esta reação muito individual, e a maioria das pessoas, pode lidar com glúten sem consequências clínicas.
As células intestinais estão umas muito próximas às outras, unidas por uma junção estreita, isso evita que substâncias indesejáveis entrem na nossa circulação, por isso dizemos que o intestino saudável, tem uma permeabilidade seletiva.
Descobriu-se que o glúten pode estimular no intestino, uma proteína chamada zonulina, age nas junções estreitas, aumentando o espaço entre as células intestinais, aumentando assim a permeabilidade intestinal.
O aumento da permeabilidade intestinal faz com que alimentos mal digeridos passem para a corrente sanguínea, causando inflamação clínica silenciosa, reações imunes e aumentando o risco de várias doenças autoimunes.
Os problemas de saúde relacionados ou causados pelo trigo se devem basicamente a dois fatores:
A proporção das proteínas do trigo, gliadinas e gluteninas, aumentou muito com as alterações genéticas feitas há mais de meio século.
Ao que tudo indica nosso corpo não assimilou bem esse aumento exagerado do consumo, aliado às estas alterações genéticas do trigo.
Embora um número cada vez maior de pessoas tenha reduzido ou abolido o consumo de trigo, acho esta atitude um tanto quanto exagerada.
É claro que o trigo atual, é muito mais prejudicial do que o trigo dos nossos antepassados, e causa problemas para muitas pessoas.
Porém, penso que o consumo de pequenas quantidades de trigo não irá trazer grandes transtornos, a não ser para os portadores de doença celíaca.
Por outro lado, o consumo regular de grandes quantidades de trigo, pode levar ao quadro de intolerância ao glúten.
E de fato, notamos que o diagnóstico de pessoas com intolerância ao glúten, tem crescido nas últimas décadas.
Estudos têm mostrado que além do consumo exagerado de trigo, a presença de Glifosato (um dos herbicidas mais no mundo), também tem aumentado a incidência de doença celíaca e intolerância ao glúten.
O Glifosato, lesa gravemente a microbiota intestinal, e pode causar doenças crônicas as mais variadas. Na verdade ele foi patenteado como um antibiótico.
O glifosato age de duas formas. Lesando as vilosidades do intestino, e também interferindo com a quebra da gliadina, que já é naturalmente difícil de ser digerida. Isso trona o trigo, mais difícil de digerir e por isso pode causar uma reação imune e disbiose intestinal.
Primeiramente vamos entender as diferenças entre doença celíaca e intolerância ao glúten.
Na doença celíaca, existe uma resposta autoimune ao glúten quando este entra em contato com a mucosa intestinal. Os sintomas estão relacionados às alterações da mucosa e da digestão. A pessoa pode apresentar diarreia, fezes com gordura, retardo no crescimento, infertilidade, fraqueza, osteoporose, e apresenta lesões parede do intestino.
Ou hipersensibilidade ao glúten, é uma sensibilidade ou intolerância à proteína, devida à exposição frequente e excessiva ao trigo e demais cereais que contenham glúten, como o malte e a cevada.
A aveia, é bom que se diga, não contém glúten, ela acaba sendo “contaminada” pelo glúten, mas como normalmente ela é processada nos mesmos equipamentos que o trigo e outros cereais ocorre uma contaminação cruzada os processos de armazenamento e transporte.
A intolerância decorre da má digestão da gliadina e glutenina, que constituem o glúten, os resíduos resultantes desta má digestão, podem se inflamar a mucosa intestinal.
Os principais sintomas são: diarreia, dor abdominal, gases, perda de peso, dores nos ossos ou nas juntas, dormência nas pernas, dores de cabeça, confusão mental, dermatite e anemia. Diferentemente da doença celíaca, a intolerância ao glúten, não provoca lesões na mucosa intestinal.
O tratamento é semelhante nos dois casos, alimentação sem glúten. Porém nos casos de intolerância ao glúten, não há necessidade de ser tão radical com a dieta.
Nestes casos, devemos procurar saber o “quanto” intolerante ou sensível ao glúten nós somos, e calibrar a ingestão de trigo a partir deste parâmetro.
Na prática funciona assim: um pedaço de pão pode não causar nenhum desconforto, mas dois pedaços, ou comer pão por vários dias seguidos pode.
Para sabermos se temos intolerância ao glúten, basta fazer uma dieta glúten free por 15 dias, e observar se os sintomas diminuem ou desaparecem, em caso positivo, você apresenta intolerância ao glúten.
Um alimento para ser chamado de “sem glúten” ele deve ser:
Meu conselho é: consuma trigo e seus derivados com moderação.
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