Dieta não funciona se não houver uma mudança de hábitos alimentares. Sem mudanças de hábitos alimentares e exercícios regulares, a volta ao peso anterior é quase certa em mais de 95% dos casos.
Só fechar boca não emagrece! Milhões de pessoas que já fizeram várias dietas ao longo da vida, já cansaram de constatar este fato.
Se você tem dificuldade para emagrecer, saiba que muitos conceitos mudaram nos últimos anos.
Você já deve ter ouvido muitas vezes: “para emagrecer tem que fechar a boca e fazer exercícios”.
Devo informar que hoje esta afirmação está longe de ser uma verdade absoluta.
Embora para emagrecer precisemos ingerir menos calorias do que gastamos, existem muitos outros fatores envolvidos com o ganho e perda de peso.
Entre estes fatores, estão os hormônios (insulina, glucagon, cortisol, estrogênios, testosterona, T4, T3, GH, DHEA), os neurotransmissores (serotonina, GABA, dopamina), os neuropeptídios (leptina, grelina, neuropeptídio Y), a taxa de metabolismo basal, e outros fatores que explicarei adiante.
Existem duas formas básicas de se engordar, que aqui vou chamar de Alimentar e Metabólica.
A Alimentar que é aquela em que o apetite excessivo é a causa principal, mais comum nos homens.
Já a Metabólica, onde a pessoa come pouco, mas metaboliza mal e engorda, é muito mais frequente entre as mulheres.
Por isso só dieta não funciona, o problema está no metabolismo.
Para quem tiver interesse publiquei em 2014 um livro chamado “Emagrecer, porque só fechar a boca não emagrece”, que trata deste tema. Disponível no formato físico e e-book pelo site faiopisani.med.br/livros
Nosso metabolismo tem dois componentes básicos, a taxa de metabolismo basal (TMB), que é o quanto nosso corpo gasta de energia em repouso.
Ela é determinada basicamente pelo tecido muscular e função tireoidiana, corresponde a cerca de 70% da TMB.
O restante é determinado por fatores, como alimentação, atividade física entre outros.
Na realidade quem queima calorias e produz energia em nosso corpo são estruturas celulares chamadas mitocôndrias, e os músculos são os locais onde elas existem em maior quantidade.
Por isso é importante gerar tecido muscular, pois ele vai garantir que você continue gastando energia e permaneça magra (o).
Isso também explica porque só dieta não funciona, exercícios são fundamentais para emagrecer com saúde.
Nosso metabolismo também é afetado pelos hormônios.
O T4, hormônio produzido pela tireoide, costuma estar diminuído, principalmente nas mulheres, que neste caso podem apresentar sintomas como depressão, falta de energia, sensação de frio, constipação, queda de cabelo, unhas fracas, diminuição da libido, alterações menstruais, e é claro dificuldade para emagrecer.
Na verdade, o T4 é um pró-hormônio, isto é, ele precisa ser convertido para T3 que é o hormônio ativo.
A tireoide pode estar produzindo T4 normalmente e TSH normalmente, e mesmo assim a pessoa pode estar sofrendo de hipotireoidismo, neste caso chamado de subclínico.
O Hipotireoidismo Subclínico ou tipo II ocorre quando temos T4 e TSH normais, isto significa que o problema não está na tiroide propriamente.
Os problemas ocorrem na conversão de T4 para T3, ou quando há alguma alteração nos receptores de T3 nos órgãos alvo.
Por outro lado, um T4 normal ou até aumentado, que não seja convertido para T3, poderá ser convertido para T3 reverso, que tem ação oposta ao T3, isto é, faz engordar, pois coloca o corpo em estado baixo gasto calórico.
Quando temos algum grau de hipotireoidismo, só fazer dieta não funciona, pois o problema principal é o metabolismo basal lento, que dificulta a geração de energia e queima das calorias.
Atualmente sabemos que o grande responsável pelo sobrepeso são os carboidratos, principalmente os refinados.
Quando comemos qualquer alimento de farinha branca, ele se transforma rapidamente em glicose no sangue.
Aqui entra em ação a insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas, que faz com que a glicose entre dentro das células e gere energia.
Quanto mais glicose geramos pela alimentação inadequada, mais nossa taxa de insulina sobe, e ao longo dos anos os receptores de insulina em nossas células sofrem alterações (glicação e oxidação) e passam a não funcionar corretamente.
Então começa a sobrar glicose fora da célula, que volta para fígado e é transformada em ácidos graxos (gordura).
Porém dentro das células temos falta de glicose, e ficamos sem energia e com desejo aumentado por carboidratos.
Então nosso pâncreas produz mais insulina, que só piora o quadro, a isso chamamos resistência insulínica, que sabemos hoje, está na origem tanto da obesidade quanto do diabetes tipo 2.
Até pouco tempo atrás se pensava que principalmente as gorduras eram responsáveis pelo excesso de peso.
Mas como sabemos hoje é o excesso de carboidratos se transforma em gordura.
Muitas vezes uma dieta não funciona, pois a escolha dos alimentos não está adequada para o paciente.
Por isso digo, só fechar boca não emagrece, é preciso escolher com muito cuidado de que fontes estão vindo as calorias que estamos ingerindo.
Outro hormônio que está envolvido com o excesso de gordura é o cortisol, que é secretado normalmente pelas adrenais, mas que quando estamos estressados atinge valores muito elevados que favorecem o acumulo de gordura, principalmente na região abdominal.
Tanto o cortisol quanto a insulina, quando elevados são lipogênicos, isto é, causam aumento de gordura corporal.
Quando nosso organismo está equilibrado e sem sobrepeso, as fontes de energia são pela ordem, os carboidratos e as gorduras, as proteínas só serão usadas para geração de energia em casos extremos.
No sobrepeso, nosso corpo não consegue utilizar o tecido gorduroso para gerar energia.
Do meu ponto de vista, um dos fatores mais importantes para que isso ocorra, é a alimentação em curtos intervalos de tempo, como comer a cada 3 ou 4 horas.
Quando as taxas de glicose e glicogênio estão baixas, a tendência natural é que o corpo busque as gorduras com fonte de energia.
Na minha prática clínica costumo usar uma dieta cetogênica modificada (com poucos carboidratos), procurando encontrar o intervalo adequado entre as refeições, para que ocorra a utilização de gordura de forma fisiológica pelas mitocôndrias.
Nas dietas radicais e desequilibradas, onde ocorre grande perda de peso em pouco tempo, ocorre à custa de perda de proteínas, que pesam cerca de duas vezes mais que gorduras.
Quando falo em emagrecer, me refiro a perda do tecido gorduroso e redução das medidas, e mínima perda de massa magra.
Portanto, o bom emagrecimento deve ser lento, porem consistente.
Logo no início do tratamento a diminuição do peso é maior, pois com a mudança do habito alimentar, ocorre eliminação de líquido que está retido principalmente no meio extracelular.
De forma geral quando me procuram para emagrecer, em algum momento me pedem algum “remédio natural para tirar o apetite”.
Primeiro precisamos diferenciar fome de apetite.
Quando estamos realmente com fome que é fisiológica, qualquer coisa serve para saciar, mesmo as mais inadequadas.
O apetite, é diferente, é quando não estamos com fome, mas queremos comer alguma coisa específica (doces, chocolate, etc.), isso engorda!
A fome surge quando não temos aporte de glicose para dentro das células, e o corpo manda um sinal para comermos.
A glicose pode estar baixa por falta de ingestão (nos magros) ou por algum bloqueio à sua entrada nas células por exemplo, resistência insulínica.
É isso que deve ser corrigido, e não simplesmente tentar suprimir a fome!
Os tratamentos convencionais falham quase sempre no médio e longo prazo, pois só fechar boca não emagrece.
O emagrecimento tem que passar por reeducação alimentar e correção dos distúrbios metabólicos e hormonais subjacentes, bem como a instituição de um plano de atividade física realista de longo prazo, não há atalhos, nem tratamentos rápidos, sejamos realistas.
Sem ajuste do sistema endócrino e metabólico, as dietas não funcionam de uma forma consistente.
Outro fator recém-incluído como gerador de obesidade, é a inflamação crônica assintomática, gerada por substâncias produzidas pelo próprio tecido gorduroso, chamadas citocinas.
Esta inflamação é a base de várias patologias crônico degenerativas, que ocorrem principalmente nos obesos.
Também as toxinas e os metais tóxicos que estão acumulados no tecido gorduroso, podem se ligar aos receptores e impedir a ação correta dos hormônios, neurotransmissores e neuropeptídios, levando também ao excesso de peso.
Após estas informações, você deve estar se perguntando, o que fazer.
Ficou bastante claro espero, que o excesso de peso é multifatorial, apenas dietas não funcionam, e soluções simplistas não trarão resultados consistentes no médio e longo prazo. Temos de atuar em várias frentes, conforme cada caso.
O primeiro passo é iniciar uma mudança de habito alimentar, que seja duradoura e factível.
Como já disse, em minha clínica costumo usar uma dieta cetogênica modificada no início do tratamento.
Quando iniciamos a dieta cetogênica, em 24 a 72 horas, o corpo passa a gerar energia preferencialmente a partir do tecido gorduroso, pois a oferta de carboidratos vai estar bem limitada, gerando um leve estado de cetose que não tem nada a ver com cetoacidose que ocorre no diabetes.
Está cetose leve também ocorre durante o sono, por isso nosso peso é menor pela manhã. Seguindo esta orientação alimentar, em momento nenhum a pessoa deve passar fome, pois estará sempre
A prática de atividade física ajuda muito a acelerar os resultados e depois a mantê-los, além de melhorar muito a qualidade de vida e prevenir inúmeras doenças.
Para os sedentários, ela deverá ser de leve a moderada no início.
Mas a medida mais importante é o diagnóstico clinico e laboratorial, para identificar as causas do excesso de peso, e seus possíveis tratamentos.
E nossa clínica utilizamos acupuntura, fitoterapia, homeopatia e ortomolecular.
Estes tratamentos variam de paciente para paciente, pois não existe um tratamento único que funcione igualmente bem para todos.
Após esta breve explicação sobre os mecanismos que levam ao excesso de peso, agora vou detalhar como eu trato o sobrepeso em minha clínica.
Como se pode ver só fechar boca não emagrece.
O excesso de peso deriva de vários fatores, que precisam ser tratados em conjunto.
Se fizermos uma dieta, atividade física, acupuntura, fitoterapia, ortomolecular separadamente, teremos apenas o resultado que cada uma delas pode produzir isoladamente.
Mas quando associamos estes métodos, o resultado costuma ser potencializado.
O emagrecimento deve ser uma consequência do equilíbrio geral do organismo.
Abaixo uma breve descrição dos métodos utilizados para o tratamento em minha clínica.
A dieta cetogênica modificada consiste em uma redução calórica leve a moderada, mas equilibrada, na qual vamos alternando fases curtas de restrição aos carboidratos, com fases mais longas com carboidratos de baixo índice glicêmico.
Também preconizo o uso de alimentos termogênicos, que ajudam a aumentar o metabolismo discretamente.
Com esta orientação dietética, conseguimos emagrecer preferencialmente a gordura, preservando as proteínas e demais nutrientes.
Isso é muito importante entender: não são esperadas grandes perdas de peso em curto espaço de tempo, o processo é gradual e você logo percebera que suas medidas vão começar a diminuir.
Se você espera qualquer resultado diferente deste, meu método de trabalho não serve para você.
O papel da acupuntura neste tratamento visa corrigir estados de ansiedade, depressão, insônia, irritabilidade, falta de energia e stress, que geralmente estão presentes nos obesos.
O uso da fitoterapia e da ortomolecular (vitaminas, sais minerais, fitonutrientes, oligoelementos), visam corrigir as alterações bioquímicas presentes.
A principal delas é a resistência à ação da insulina, que está presente em quase todos os obesos.
Também deverão ser tratados se presentes, desequilíbrios dos hormônios como: cortisol, T4, T3, estrógenos, testosterona, DHEA.
Atenção especial também com neurotransmissores, como a serotonina, gaba e dopamina, que embora não sejam dosados rotineiramente, podemos inferir seus níveis pelas manifestações clinicas.
E por fim tratar, se presentes, quadros de disbiose (alterações da flora intestinal), parasitoses intestinais, intoxicação por metais tóxicos, agrotóxicos, pesticidas, inflamação crônica silenciosa, glicação, diminuição da imunidade, que embora não sejam causas diretas de sobrepeso, mas que se presentes, dificultam o processo de emagrecimento.
É importante frisar, que só dieta não funciona, o emagrecimento é um processo no qual precisamos de determinação e perseverança. O paciente deve estar envolvido ativamente nele, e não esperar ser emagrecida (o) pelo médico.
Livro “Emagrecer: Porque Só Fechar a Boca Não Resolve“
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